Isaias 53 é o messias ou Israel?
ISAÍAS 53 NA VISÃO DOS RABINOS MAIS ANTIGOS
"A interpretação judaica tradicional entende a passagem como uma referência ao Messias, como, é claro, fizeram os primeiros seguidores de Yeshua, que criam ser Yeshua o referido Messias. Não foi senão no século XII que surgiu a opinião de que o Servo aqui se refere à nação de Israel, opinião que se tornou dominante no Judaísmo." (Charles C. Ryrie Th.D Ph.D, comentário sobre Isaías 52:13-53:12, Bíblia Anotada, pág. 905)
Porém, por mais de mil anos, desde que surgiu o judaismo rabínico, A VASTA E ABSOLUTA MAIORIA DOS RABINOS CRIA QUE ESTA PASSAGEM DIZIA RESPEITO AO MESSIAS, e não ao povo de Israel. Essa interpretação começou com Rashi no século XII, diante das enormes atrocidades e extermínios que vinham sendo praticadas naquela época contra o povo judeu, pela inquisição Católica Romana. E Obviamente Rashi viu a necessdade de se desvincular esta profecia sobre o Messias, daquele messias romano a quem os católicos diziam seguir (e não seguiam), e em nome de quem suas famílias estavam sendo mortas. Pra uma audiência judaica, naquela época, admitir que essa passagem se referia ao Messias, seria como assumir a culpa por sua morte. Por isso que é necessario entendermos o que levou um erudito como Rashi a FUGIR DA CORRETA INTERPRETAÇÃO DE TODOS OS RABINOS ANTERIORES QUE FALAVAM QUE SE TRATAVA DO MESSIAS, E PLANTAR UMA OUTRA INTERPRETAÇÃO TOTALMENTE DESCONECTADA DE SEU CONTEXTO (Pois o mesmo Isaías que sempre acusa o povo de ser pecador, cheio de iniquidades, idólatra, adúltero e ganancioso e etc, não ia abruptamente mudar seu discurso constante em seu livro, e num único capítulo começar agora chamá-lo de povo justo, sem pecado, que nunca cometeu injustiça e etc..)
ABAIXO ENTÃO ELENCAMOS ALGUNS COMENTÁRIOS DESSES RABINOS MAIS ANTIGOS, QUE MOSTRAM QUE A INTERPRETAÇÃO DE ISAÍAS 53 SEMPRE SE REFERIU AO MESSIAS:
"Eis aqui o meu servo, O MESSIAS, a quem conduzo, o meu escolhido em quem minha Memra [palavra] tem prazer. Eu porei meu Espírito Santo sobre ele e ele revelará minha Lei às nações." (Targum Jonathan em Isaías 42:1)
"Veja, meu servo, O MESSIAS há de prosperar; ele será elevado, e deve crescer e ser excessivamente forte: como a casa de Israel olhou para ele por muitos dias, porque o seu semblante se obscureceu entre os povos, e a aparência dele mais do que a dos filhos dos homens." (Targum Jonathan em Isaías 52-53)
No Midrash Rabbah há uma explicação sobre Rute 2:14:
"Ele está falando sobre o REI, O MESSIAS: Achega-te para cá: aproxime-se do trono e coma do pão, isto se refere ao pão da realeza, e molha no vinagre o teu pedaço, isto se refere aos seus sofrimentos, como está escrito: Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades." (Ruth Rabbah 5:6)
O Midrash Tanhuma sobre Gn 27:3, parasha Toldot 14:
Cântico das subidas: "Eu levanto os meus olhos para as montanhas." (Sl 121:1). É bem o que está escrito: "Quem és tu, ó grande montanha, que diante de Zorobabel se tornou uma planície?" (Zc 4:7) Esta montanha é O MESSIAS Filho de Davi. E por que ele é chamado de "grande montanha?" Porque ele será maior do que os patriarcas, como se diz: O meu servo prosperará, crescerá, se levantará e será muitíssimo elevado". (Is 52:13). Ele crescerá mais do que Abraão, se levantará mais do que Isaque, e se tornará mais alto do que Jacó. Crescerá mais do que Abraão que disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra. (Gn 14:22). E se levantará mais do que Moisés, que disse: Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissestes: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? (Nm 11:12). E ele se tornará mais alto do que os anjos ministradores, de quem está escrito: E os seus aros eram tão altos, que faziam medo; e estes quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor. (Ez 1:18). Eis por que está dito: "Quem és tu, grande montanha?" E de onde sairá (esta montanha)? Ela será "extraída" de Zorobabel. E em razão de que este é chamado de Zorobabel (raça de babel)? Por ter sido gerado na Babilônia. E por que (o Messias) nasceu de Davi? É porque está dito: E Salomão teve como filho Roboão, que teve com filho Abiya etc..." até: e Delayah e Anani" (1 Cr 3:10-24). Quem é este Anani (=o das nuvens)? É o Messias, pois "quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zc 4:10). Com efeito, está dito: "Eu via nas visões da noite, e eis que com as nuvens do céu vinha como um filho de homem" (Dn 7:13). Ora, Anina é o número sete. Por que o sete? O que está escrito acerca do Rei Messias? "Pois quem desprezará o dia dessas sete pequenas coisas?" (Zc 4:10). Eis por que está dito: "Quem és, grande montanha?" (Zc 4:7). Esta montanha é aquele de quem está escrito: "E ele julgará com justiça os indigentes etc." (Is 11:4). E se extrairá a pedra de cumeeira" (Zc 4:7b). O que é que está escrito depois [em Daniel]: Então foram quebrados ao mesmo tempo (o ferro, a argila, o bronze, a prata e o ouro).." (Dn 2:35). Eis por que está escrito: "Quem és tu, grande montanha?" E como ele virá? Pelos caminhos das montanhas, pois está dito: "Como são belos sobre as montanhas, os pés do anunciador de boa nova etc." (Is 52:7). Naquele momento, Israel olhará e dirá: Eu levanto os meus olhos para as montanhas donde virá o meu socorro: Meu socorro vem de junto de YHWH que fez o céu e a terra" (Sl 121:1) Amém! Que assim se faça a tua vontade!
O método midráshico empregado no comentário do texto de Zacarias é característico do gênero. Todas as palavras do texto chamam as citações que servem para explicá-lo. A interpretação messiânica do salmo passou para o Targum da passagem, com uma forma notável:
"Como és estimado diante de Zorobabel, reino estúpido? Não és como uma planície? Mas YHWH revelará o seu MESSIAS, cujo nome foi dito desde o começo, e ele dominará sobre todos os reinos. (4:7)."
O paralelo dO MESSIAS com os grandes antepassados sublima a superioridade absoluta daquele. A ligação do Messias com Davi permite dar-lhe a alcunha de 'Anani' (=o das nuvens), seguindo o nome do último descendente de Davi mencionado em 1 Cr 3:25, que neste ponto se apóia no comentário de Tahuma. Mas a justificação desta alcunha se funda na interpretação messiânica de Dn 7:13, já encontrada no Apocalipse de Esdras. (Trecho retirado do livro: A esperança judaica no tempo de Yeshua pg 202)
Em um livro do período do Segundo Templo: O Testamento dos Doze Patriarcas, o testamento de Benjamin liga José a figura do Servo Sofredor de Isaías 52-53. Neste testamento, Jacob disse a José: Em você será cumprida a profecia celestial, que afirma que o imaculado será violado por homens sem Lei e o sem-pecado morrerá por causa dos homens ímpios.
Essas citações demonstram que a designação do Messias sofredor como “filho de José” remonta ao período do Segundo Templo. Essa tradição do “Messias filho de José” e sua morte também aparece no Talmude babilônico em Sukkah 52a:
"Os rabinos ensinaram: O Messias ben David, que (como esperamos) vai aparecer em um futuro próximo, o Santo, bendito seja Ele, irá dizer-lhe: Peça-me e dar-te-ei, como está escrito [Salmos 2:7-8]: “Vou anunciar o decreto ... Peça-me, e darei”, etc. Mas como o Messias ben David terá visto que o Messias ben Joseph, que o precedeu foi morto, ele vai dizer diante do Senhor: “Senhor do Universo, nada peço a Ti, senão a vida”. E o Senhor irá responder: “Isso já foi profetizado pelo teu pai Davi a ti, [Salmos 21:5]: ‘A vida que ele pediu a ti, tu deste a ele’” (Talmude babilônico Sukkah 52a)."
No Talmud Babilônico está registrado:
"O MESSIAS- Qual é o nome dele? ... Os rabinos disseram: Seu nome é o 'estudioso leproso', como está escrito: Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou nossas dores; e nós o reputávamos por um leproso, ferido de Deus, e oprimido." (Sanhedrin 98b)
Nos Mistérios do Rabi Shim'on ben Yohai (Midrash), encontramos:
"E Armilaus se unirá à batalha contra o Messias, o filho de Efraim, no portão Oriental...; e o Messias, o filho de Efraim, morrerá lá, e Israel pranteará por Ele. E depois, o Santo revelará a eles o Messias, o Filho de Davi, a quem Israel vai querer apedrejar,dizendo: Tu falas falsamente, o Messias já foi morto, e não há outro Messias que se levante (após Ele); e assim o desprezarão, como está escrito: "Desprezado e o mais rejeitado entre os homens"; mas ele voltará e se esconderá deles, de acordo com as palavras: "Como um de quem os homens escondem o rosto."
Nos séculos posteriores esta continuou sendo a interpretação judaica:
O rabino caraíta Yafet Ben Ali (segunda metade do século X):
"Quanto a mim, estou inclinado, juntamente com Benjamin de Nehawend, a considerá-lo como aludindo AO MESSIAS, e que se inicia com uma descrição de sua condição no exílio, desde o seu nascimento até sua ascenção ao trono: pois o profeta começa falando que Ele está sentado numa posição de grande honra e, então volta a relatar tudo o que Lhe acontecerá durante o cativeiro. Ele nos dá a entender, portanto, duas coisas: em primeiro lugar, que o Messias só irá atingir o seu mais alto grau de honra após longas e severas provações, e em segundo lugar, que estas provações lhe serão enviadas como uma espécie de sinal, de modo que, ao se encontrar sob o jugo de infortúnios e permanecer puro em suas ações, ele possa saber que é o desejado. [...] Com as palavras "Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades", querem dizer que as dores e enfermidades pelas quais ele passou eram merecidas por eles, mas que ele as suportou em seu lugar. Acho necessário aqui, pausar por alguns instantes, a fim de explicar porque Deus fez estas enfermidades recaírem sobre o Messias por amor a Israel. O povo merecia de Deus um castigo muito maior do que o que recebeu, mas não sendo suficientemente forte para suportar isso, Deus nomeia seu servo para levar os pecados deles, e ao fazer isso, torna o castigo deles mais leve, a fim de que Israel não fosse completamente exterminado. [...] E o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. O profeta, não quer com "avon" dizer iniqüidade, mas punição para iniqüidade, como na passagem, "Sabei que o vosso pecado vos há de achar" (Num. 32:23)."
O Rabino Moisés, 'O Pregador' (século 11) escreveu em seu comentário sobre o Gênesis (página 660):
"Desde o princípio, Deus fez uma aliança com O MESSIAS [ben Yossef] e disse-lhe: Meu justo Messias, aqueles que são confiados a você, o pecado deles te trará um jugo muito pesado pra você suportar. E ele respondeu: Eu aceito de bom grado todas essas agonias, a fim de que nenhum de Israel seja perdido. Imediatamente o Messias aceitou todas as agonias com amor, como está escrito: Ele foi oprimido e afligido."
Lekach Tov (séc.XI - Midrash), afirma:
"E que seu reino [de Israel] seja exaltado, nos dias do Messias, de quem se diz: Eis que meu servo prosperará, será exaltado e elevado, e será mui sublime."
Yalkut Schimeon (atribuído ao Rabbi Simeon Kara, no século XII) diz:
"Em Zc 4:7: O rei Messias é maior que os patriarcas, porque é dito, "Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. (Isa. 52:13)."
Gersonides filósofo e talmudista judeu (1288-1344) em Deut. 18:18 diz:
"De fato, O MESSIAS é o tal profeta, como se afirma no Midrash do verso: "Veja! Meu Servo prosperará" (Is 52:13) (...) Moisés, pelos milagres que fez, trouxe uma única nação à adoração de Deus, mas o Messias vai chamar todos os povos à adoração de Deus."
Nachmanides (Rabino Moshe ben Nachman) do século XIII afirmou:
"Supõe-se que a visão correta com relação a esta parashá venha através da frase: "meu servo” que significa todo o Israel... Contudo, como opinião diferente, adota-se pelo Midrash, que isso se refere AO MESSIAS, é necessário que a expliquemos de conformidade com a nova opinião lá mantida. O profeta diz, o Messias, o Filho de Davi, sobre quem o texto fala, nunca será conquistado nem perecerá pelas mãos dos seus inimigos. E, de fato, o texto ensina isso claramente. [...] Pelas suas pisaduras fomos sarados – por causa das pisaduras pelas quais foi humilhado e angustiado Ele nos curará; Deus nos perdoará por Sua justiça, e seremos curados tanto de nossas próprias transgressões quanto das iniqüidades de nossos pais."
Rabi Moshê ben Nachaman também explica:
"A dor de Mashiach resultará em nos corrigirmos, pois, devido ao mérito dele, Deus nos perdoará e seremos curados de nossas transgressões."
Abravanel (1437-1508) fez uma declaração que é particularmente significativa, pois segundo sua visão pessoal não era a respeito do Messias que Isaías estava falando. Quanto a Isaías 52:13 até Isaías 53:12, ele declarou:
"A primeira questão é saber a quem ele [Isaías] se refere: Os instruídos entre os nazarenos o aplicam ao homem que foi crucificado em Jerusalém, no final do segundo Templo, e que, segundo eles, era o Filho de Deus que tomou carne no seio da virgem, como se afirma em seus escritos. Mas Yonathan ben Uziel interpreta no Targum como referente ao futuro Messias. Esta é também a opinião de nossos próprios homens instruídos na maioria de seus discursos rabínicos (midrashim)."
Abraham Farissol (1451-1526) diz:
"Neste capítulo parece haver umas semelhanças e umas alusões consideráveis ao ministério do Messias "cristão" e aos eventos que são aplicados para ter acontecido com ele [o Messias], de modo que nenhuma outra profecia deva ser encontrada ou aplicada tão bem e ao assunto de que pode assim imediatamente lhe ser conferido."
Alshich, um cabalista do século XVI, explica:
"O Messias aceita seu sofrimento de bom grado, com amor pelo povo judeu e toda a humanidade, e que quando finalmente o Messias se revelar nós nos daremos conta de que ele escolheu sofrer. Compreenderemos então quantos esforços ele investiu suportando o sofrimento da geração."
O Rabino Moses Alschech (1508-1600) diz:
"Eu posso observar então, que os nossos rabinos de abençoada memória, à uma só voz, aceitam e afirmam a opinião de que o profeta está falando do Rei Messias. E nós também devemos aderir ao mesmo ponto de vista."
Moshe Cohen, um rabino do século XV na Espanha, também discute Isaías 52-53. Ele refuta a interpretação de que a passagem é uma referência para o povo de Israel como um todo:
"Esta passagem, os comentaristas explicam, fala do cativeiro de Israel, embora o número singular seja utilizado por toda parte. Outros têm suposto que signifique o justo neste mundo atual, que agora são esmagados e oprimidos [...] mas estes também, pela mesma razão, alteram o número, retiram os versos de seu significado natural. E, então parece-me que tendo rejeitado o conhecimento dos nossos mestres, inclinaram-se "após a teimosia de seus próprios corações", e em minha própria opinião, eu tenho o prazer de interpretá-la de acordo com o ensinamento de nossos rabinos sobre o Rei Messias."
O Rabi Eliyahu de Vidas (séc. XVI) escreveu:
"Diz-se no Tanna Devei Eliyahu, que durante os treze anos em que R. Shimon ben Yohai esteve preso na caverna, as profundezas da sabedoria foram revelados a ele, e ele alcançou o conhecimento do futuro. Em particular, ele aprendeu que o homem que tenha cometido iniqüidades deve sofrer por elas, e que não é digno de entrar na luz celestial (que é o óleo de que Davi fala quando diz: Unges a minha cabeça com óleo. Sl 23:5) se primeiro não machucar-se e esmagar-se, como é dito: Misturada com óleo esmagado (Nm 28:5). E é o que está escrito: Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e esmagado pelas nossas iniqüidades, o significado disso é que uma vez que O MESSIAS carrega nossas iniqüidades, as quais produzem o efeito de seu machucado, segue-se que aquele que não admitir que o Messias sofra assim por nossas iniqüidades, deve suportá-las e sofrê-las ele mesmo." (Princípio da Sabedoria, por R. Eliyahu de Vidas (1575) encontrado no capítulo 53 de Isaías segundo intérpretes judeus, S.R. Driver, A.D. Neubauer (Oxford: Parker, 1877), pp. 385-386)
Herz Homberg, um educador judeu, que viveu entre (1789 e 1841) também refuta a idéia de que Isaías está se referindo a alguém além do Messias:
"De acordo com a opinião de Rashi e Ibn Ezra, isto se refere a Israel, no final de seu cativeiro. Mas se assim for, o que pode significar a passagem: Ele foi ferido pelas nossas transgressões. Quem foi ferido? Quem são os transgressores? Quem levou embora a doença e carregou a dor? O fato é que esta passagem se refere ao Messias, que virá nos últimos dias, quando será do agrado do Senhor redimir Israel de entre as diferentes nações da terra. O que quer que ele tenha sofrido foi em conseqüência da transgressão do próprio povo, Deus o escolheu para que ele fosse uma oferta pela culpa, como o bode expiatório que levou toda a iniquidade da casa de Israel." - Herz Homberg (18th-19th c.)
O Rabi Sh'lomoh Astruc (séc. XIV) escreveu:
"Meu servo prosperará, ou será verdadeiramente inteligente, porque através da inteligência o homem é realmente homem – é a inteligência que faz de um homem o que ele é. E o profeta chama o REI MESSIAS DE MEU SERVO, falando como se o houvesse enviado. Ou talvez chame todo o povo de meu servo, como diz acima “meu povo” (III.6): quando ele fala sobre o povo, o Rei Messias está incluído nele, e quando ele fala sobre o Rei Messias, o povo está em conjunto com ele. O que ele diz então é, que meu servo, o rei Messias, prosperará."
Isaías B. Abraham Horowitz, diz:
"E então, a casa de José, que pecou ao se separar do reino da casa de Davi será restaurada. Porque o Messias filho ben Yosef não virá em seu próprio benefício, mas ele virá para o bem de Messias ben David. Porque ele irá oferecer a sua vida e derramará a sua vida à morte (Is 53,12) e o seu sangue expiará pelo povo junto ao Senhor. Deste modo, acontecerá mais tarde que o reino da casa de Davi governará para sempre entre o povo de Israel. “(Isaías b. Abraham Horowitz, Sepher Shnei Luhot Ha-Berit, publicado pela primeira vez em Amsterdã, em 1649. A citação é da Quarta edição de 1724, p. 299B)
Naftali ben Asher Altschuler diz:
"A enfermidade que deveria ter caído sobre nós, foi carregada por ele. Isso significa que, quando o Messias ben Yosef morrer entre as portas, e for uma maravilha aos olhos da criação, por que a pena que ele tem que carregar deve ser tão severa? Qual é o seu pecado, e qual é a sua transgressão, exceto que ele vai suportar os castigos de Israel, de acordo com as palavras ferido de Deus?" (Is. 53:4) de Naftali ben Asher Altschuler (m. depois de 1607) Ayyalah Sheluhah (Cracóvia, 1593-1595) em Isa. 53:4.)
Moisés Alshekh diz:
"Eu vou fazer ainda uma terceira coisa, a qual é que eles devem olhar para mim (Zc 12,10), porque eles levantarão seus olhos para mim em arrependimento perfeito, quando virem aquele a quem transpassaram, isto é, o Messias ben Yosef. Porque os nossos rabinos, de abençoada memória, disseram que ele tomará sobre si a culpa de Israel, e deve, então, ser morto na guerra para fazer expiação, de tal maneira que seja considerado como se Israel lhe tivesse perfurado. Porque foi por causa dos pecados deles que ele morreu e por isso, a fim de que isto seja reconhecido para eles como uma expiação perfeita, assim eles vão se arrepender e olhar para o Bendito, dizendo que não há ninguém ao seu lado para perdoar os que choram por causa daquele que morreu pelos pecados deles. E este é o significado de “E olharão para mim..." Moisés Alshekh (1507-depois de 1593), em Marot ha-Zove’ot (Veneza 1603-1607) em Zc 12.10.)
Servo sofredor na tradição judaica
"[No momento da criação do Messias], o Santo, bendito seja Ele, vai dizer-lhe em detalhe o que vai acontecer a ele: Há almas [da geração contemporânea do Messias] que tem sido escondidas junto com você sob o meu trono; os pecados destas almas colocarão sobre você um jugo de ferro para você suportar e farão a você como a este bezerro cujos olhos se escurecem com o sofrimento. Eles vão te sufocar o espírito em um jugo, e por causa dos pecados delas a tua própria língua se apegará ao céu da boca (Sl 22,15). Você está disposto a suportar essas coisas? O Messias vai perguntar ao Santo, bendito seja Ele: Quanto tempo vai durar esses sofrimentos? E o Santo, bendito seja Ele, responderá: Por tua vida e por minha cabeça, eu tenho decretado um período de uma semana [sete anos] para você, mas se a tua alma está triste com a perspectiva de teu sofrimento, vou neste momento banir essas almas pecadoras. Porém o Messias lhe dirá: Senhor do Universo, com toda disposição de minha alma e alegria de meu coração eu tomarei sobre mim este sofrimento, sob a condição de que nenhuma única alma de Israel pereça, e que não somente aqueles que estão vivos sejam salvos em meus dias, mas também os que estão mortos, os que morreram desde os dias de Adão, o primeiro homem até o momento da redenção [ressurreição]; e não apenas estes, mas que em meus dias também sejam salvos os que morreram como abortos, assim como aqueles a quem tu pensaste para criar, mas que não foram criados. Tais são as minhas condições, e para estas coisas eu estou disposto a tomar sobre mim aquilo que tu decretaste. O Santo respondeu, eu irei fazê-lo, e imediatamente o Messias aceitou os castigos de amor, como está escrito: "Ele foi oprimido e aflito". [...]
"Durante o período da semana [sete anos] que antecede a vinda do filho de Davi, vigas de ferro serão trazidas e colocadas sobre o pescoço do Messias [Efraim] até que o seu corpo seja dobrado. Em seguida, ele vai gritar e chorar e a sua voz se levantará até a altura [do céu], e ele vai dizer na presença de Deus: Mestre do Universo, o quanto pode aguentar a minha força? O quanto pode aguentar o meu espírito? O quanto os meus membros podem sofrer? Não sou mais eu de carne e osso? Foi por causa dessa provação que Davi lamentou, dizendo: A minha força secou-se como um caco de barro. (Sl.22:16) Naquela hora o Santo, bendito seja, vai dizer-lhe: Efraim, Meu justo Messias, há muito tempo, desde os seis dias da criação, você aceitou tomar esta provação sobre si mesmo. Neste momento, a tua dor é como minha dor. Desde o dia em que o ímpio Nabucodonosor destruiu meu templo e queimou meu santuário, e exilou meus filhos entre as nações do mundo, pela tua vida e pela vida da minha cabeça, eu não tenho sido capaz de sentar-me no meu trono. E se você não acredita em mim, veja o orvalho da noite que cai sobre a minha cabeça, como se diz: minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Ao ouvir estas palavras, o Messias irá responder: Agora eu estou reconciliado. O servo se contenta em ser como o seu Mestre." [...]
"Ensina-se, aliás, que no mês de Nisan os patriarcas ressurgirão e dirão ao Messias: Efraim, o nosso verdadeiro Messias, apesar de sermos teus antepassados, você é maior do que nós, pois você suportou sofrimentos por causa das iniqüidades de nossos filhos e provações terríveis se abateram sobre você, e por meio destes sofrimentos as gerações anteriores e posteriores são expiadas. Você se tornou objeto de escárnio e de desprezo entre os povos da terra. Por amor de Israel, você se assentou em trevas e escuridão, seus olhos não viram a luz; sua pele se colou em seus ossos (cf. Salmos 22,17), e seu corpo ficou seco como madeira, seus olhos escureceram por causa do jejum e sua força se quebrou como um caco de barro (Salmos 22.15). Todas essas aflições te ocorreram por conta das iniqüidades de nossos filhos. Então ele irá responder aos patriarcas: Tudo o que eu fiz,o fiz apenas para o vosso bem e para o bem de vossos filhos, para vossa glória e para a glória de vossos filhos, para que eles se beneficiem da bondade que o Santo, Bendito seja Ele, irá derramar em abundância sobre Israel. Os Patriarcas lhe dirão: Efraim, o nosso verdadeiro Messias, estamos alegres com o que fizeste, pois tu realizaste o desígnio da mente do teu Criador e de nossas mentes também. Então, por isso ensinou o R. Simeon ben Pazzi: o Santo, bendito seja Ele, vai levantar o Messias até o céu dos céus, e vai encobri-lo em algo do esplendor de sua própria glória como uma protecção contra as nações da terra, particularmente contra os malvados persas.[...] Por que o versículo fala duas vezes da misericórdia: Terei misericórdia de quem tiver misericórdia? Uma misericórdia se refere ao momento em que ele será fechado na prisão, num momento em que as nações da terra rangerem os dentes contra ele, e piscarem os olhos um para o outro. E fazendo dele objeto de escárnio, balançam a cabeça para ele por desacato, abrindo os lábios para gargalhar, como se diz: Todos os que me vêem zombam de mim com desprezo, eles atiram os beiços e meneiam a cabeça:; (Sl 22, 8). A minha força secou-se como um caco de barro; e minha língua se me apega ao garganta; e tu me puseste no pó da morte" (Sal. 22:16). (Pesikta Rabbati, William G, Braude, Translator (New Haven: Yale University, 1968), Volume II, Piska 36,1-2; 37; pg 678-679 pg 680-681.)
Zohar - Palácio dos filhos da enfermidade:
"Quando eles contam ao Messias sobre o sofrimento de Israel no exílio, e sobre os ímpios entre eles, que não se preocupam em conhecer o seu Mestre, ele levanta sua voz e chora pelos ímpios entre eles, como está escrito: “Mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades (Isaías 53:5). As almas retornam aos seus lugares. No Jardim do Éden há um palácio chamado de Palácio dos filhos da enfermidade. O Messias entra nesse Palácio, e ordena que todas as doenças, dores e agonias de Israel venham sobre ele. E todas elas caem sobre ele. Se não fosse por ele, que alivia as dores de Israel e as toma sobre si próprio, ninguém teria sido capaz de suportar os castigos de Israel pelas transgressões da Torah. Este é o significado de “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si." (Zohar, Parashá Vayiakhel 335-336)
No Midrash Siphre, encontramos o seguinte:
"O Rabino José Galileu disse: Vem aprender os méritos do Rei Messias e a recompensa dos justos. Desde que o primeiro homem [Adão] recebeu o mandamento, uma única proibição e transgrediu - considere quantas mortes foram infligidas sobre si mesmo, em sua própria geração e sobre aquelas [gerações] que as seguiram, até o fim de todas as gerações. Qual atributo é maior: o atributo da bondade ou o atributo da vingança? Ele respondeu: O atributo da bondade é o maior, e o atributo da vingança é menor. Quanto maior, então, será o Rei Messias, que resiste aflições e dores (como está escrito: "Ele foi ferido e humilhado") para justificar os transgressores de todas as gerações! E isso é o que se entende quando se ler: "Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós". (Isa.53:6).
Em Pesiqta (sobre Isa.61:10) está escrito:
"Grandes opressões foram colocadas sobre você, como se diz: Pela opressão e pelo juízo foi levado e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? (Isa.53: 8), como se diz: mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós".'(Isa.53: 6).
No Machzor (livro de rezas das grandes festas) no Musaf de Yom Kippur existe uma oração escrita pelo Rabino Eliezer ben Kleir no século IX que fala do sofrimento e do retorno do Messias. Veja:
"Nosso Messias, o justo, apartou-se de nós: o horror nos apreendeu e não temos ninguém para nos justificar. Ele carregou sobre si as nossas iniqüidades e o jugo de nossas transgressões, e ele foi traspassado por causa das nossas transgressões. Suportou nossos pecados em cima de seus ombros para que nós pudéssemos encontrar o perdão para nossas iniqüidades. E nós seremos curados por suas feridas, no momento em que o Eterno o recriar como uma nova criatura. Oh! Elevai-o do círculo da terra. Erguei-o de Seir, para ajuntar-nos uma segunda vez sobre o Monte Líbano, pela mão de Yinnon."
Publicado por Luiz Felippe Cavalcanti
"A interpretação judaica tradicional entende a passagem como uma referência ao Messias, como, é claro, fizeram os primeiros seguidores de Yeshua, que criam ser Yeshua o referido Messias. Não foi senão no século XII que surgiu a opinião de que o Servo aqui se refere à nação de Israel, opinião que se tornou dominante no Judaísmo." (Charles C. Ryrie Th.D Ph.D, comentário sobre Isaías 52:13-53:12, Bíblia Anotada, pág. 905)
Porém, por mais de mil anos, desde que surgiu o judaismo rabínico, A VASTA E ABSOLUTA MAIORIA DOS RABINOS CRIA QUE ESTA PASSAGEM DIZIA RESPEITO AO MESSIAS, e não ao povo de Israel. Essa interpretação começou com Rashi no século XII, diante das enormes atrocidades e extermínios que vinham sendo praticadas naquela época contra o povo judeu, pela inquisição Católica Romana. E Obviamente Rashi viu a necessdade de se desvincular esta profecia sobre o Messias, daquele messias romano a quem os católicos diziam seguir (e não seguiam), e em nome de quem suas famílias estavam sendo mortas. Pra uma audiência judaica, naquela época, admitir que essa passagem se referia ao Messias, seria como assumir a culpa por sua morte. Por isso que é necessario entendermos o que levou um erudito como Rashi a FUGIR DA CORRETA INTERPRETAÇÃO DE TODOS OS RABINOS ANTERIORES QUE FALAVAM QUE SE TRATAVA DO MESSIAS, E PLANTAR UMA OUTRA INTERPRETAÇÃO TOTALMENTE DESCONECTADA DE SEU CONTEXTO (Pois o mesmo Isaías que sempre acusa o povo de ser pecador, cheio de iniquidades, idólatra, adúltero e ganancioso e etc, não ia abruptamente mudar seu discurso constante em seu livro, e num único capítulo começar agora chamá-lo de povo justo, sem pecado, que nunca cometeu injustiça e etc..)
ABAIXO ENTÃO ELENCAMOS ALGUNS COMENTÁRIOS DESSES RABINOS MAIS ANTIGOS, QUE MOSTRAM QUE A INTERPRETAÇÃO DE ISAÍAS 53 SEMPRE SE REFERIU AO MESSIAS:
"Eis aqui o meu servo, O MESSIAS, a quem conduzo, o meu escolhido em quem minha Memra [palavra] tem prazer. Eu porei meu Espírito Santo sobre ele e ele revelará minha Lei às nações." (Targum Jonathan em Isaías 42:1)
"Veja, meu servo, O MESSIAS há de prosperar; ele será elevado, e deve crescer e ser excessivamente forte: como a casa de Israel olhou para ele por muitos dias, porque o seu semblante se obscureceu entre os povos, e a aparência dele mais do que a dos filhos dos homens." (Targum Jonathan em Isaías 52-53)
No Midrash Rabbah há uma explicação sobre Rute 2:14:
"Ele está falando sobre o REI, O MESSIAS: Achega-te para cá: aproxime-se do trono e coma do pão, isto se refere ao pão da realeza, e molha no vinagre o teu pedaço, isto se refere aos seus sofrimentos, como está escrito: Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades." (Ruth Rabbah 5:6)
O Midrash Tanhuma sobre Gn 27:3, parasha Toldot 14:
Cântico das subidas: "Eu levanto os meus olhos para as montanhas." (Sl 121:1). É bem o que está escrito: "Quem és tu, ó grande montanha, que diante de Zorobabel se tornou uma planície?" (Zc 4:7) Esta montanha é O MESSIAS Filho de Davi. E por que ele é chamado de "grande montanha?" Porque ele será maior do que os patriarcas, como se diz: O meu servo prosperará, crescerá, se levantará e será muitíssimo elevado". (Is 52:13). Ele crescerá mais do que Abraão, se levantará mais do que Isaque, e se tornará mais alto do que Jacó. Crescerá mais do que Abraão que disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra. (Gn 14:22). E se levantará mais do que Moisés, que disse: Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissestes: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? (Nm 11:12). E ele se tornará mais alto do que os anjos ministradores, de quem está escrito: E os seus aros eram tão altos, que faziam medo; e estes quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor. (Ez 1:18). Eis por que está dito: "Quem és tu, grande montanha?" E de onde sairá (esta montanha)? Ela será "extraída" de Zorobabel. E em razão de que este é chamado de Zorobabel (raça de babel)? Por ter sido gerado na Babilônia. E por que (o Messias) nasceu de Davi? É porque está dito: E Salomão teve como filho Roboão, que teve com filho Abiya etc..." até: e Delayah e Anani" (1 Cr 3:10-24). Quem é este Anani (=o das nuvens)? É o Messias, pois "quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zc 4:10). Com efeito, está dito: "Eu via nas visões da noite, e eis que com as nuvens do céu vinha como um filho de homem" (Dn 7:13). Ora, Anina é o número sete. Por que o sete? O que está escrito acerca do Rei Messias? "Pois quem desprezará o dia dessas sete pequenas coisas?" (Zc 4:10). Eis por que está dito: "Quem és, grande montanha?" (Zc 4:7). Esta montanha é aquele de quem está escrito: "E ele julgará com justiça os indigentes etc." (Is 11:4). E se extrairá a pedra de cumeeira" (Zc 4:7b). O que é que está escrito depois [em Daniel]: Então foram quebrados ao mesmo tempo (o ferro, a argila, o bronze, a prata e o ouro).." (Dn 2:35). Eis por que está escrito: "Quem és tu, grande montanha?" E como ele virá? Pelos caminhos das montanhas, pois está dito: "Como são belos sobre as montanhas, os pés do anunciador de boa nova etc." (Is 52:7). Naquele momento, Israel olhará e dirá: Eu levanto os meus olhos para as montanhas donde virá o meu socorro: Meu socorro vem de junto de YHWH que fez o céu e a terra" (Sl 121:1) Amém! Que assim se faça a tua vontade!
O método midráshico empregado no comentário do texto de Zacarias é característico do gênero. Todas as palavras do texto chamam as citações que servem para explicá-lo. A interpretação messiânica do salmo passou para o Targum da passagem, com uma forma notável:
"Como és estimado diante de Zorobabel, reino estúpido? Não és como uma planície? Mas YHWH revelará o seu MESSIAS, cujo nome foi dito desde o começo, e ele dominará sobre todos os reinos. (4:7)."
O paralelo dO MESSIAS com os grandes antepassados sublima a superioridade absoluta daquele. A ligação do Messias com Davi permite dar-lhe a alcunha de 'Anani' (=o das nuvens), seguindo o nome do último descendente de Davi mencionado em 1 Cr 3:25, que neste ponto se apóia no comentário de Tahuma. Mas a justificação desta alcunha se funda na interpretação messiânica de Dn 7:13, já encontrada no Apocalipse de Esdras. (Trecho retirado do livro: A esperança judaica no tempo de Yeshua pg 202)
Em um livro do período do Segundo Templo: O Testamento dos Doze Patriarcas, o testamento de Benjamin liga José a figura do Servo Sofredor de Isaías 52-53. Neste testamento, Jacob disse a José: Em você será cumprida a profecia celestial, que afirma que o imaculado será violado por homens sem Lei e o sem-pecado morrerá por causa dos homens ímpios.
Essas citações demonstram que a designação do Messias sofredor como “filho de José” remonta ao período do Segundo Templo. Essa tradição do “Messias filho de José” e sua morte também aparece no Talmude babilônico em Sukkah 52a:
"Os rabinos ensinaram: O Messias ben David, que (como esperamos) vai aparecer em um futuro próximo, o Santo, bendito seja Ele, irá dizer-lhe: Peça-me e dar-te-ei, como está escrito [Salmos 2:7-8]: “Vou anunciar o decreto ... Peça-me, e darei”, etc. Mas como o Messias ben David terá visto que o Messias ben Joseph, que o precedeu foi morto, ele vai dizer diante do Senhor: “Senhor do Universo, nada peço a Ti, senão a vida”. E o Senhor irá responder: “Isso já foi profetizado pelo teu pai Davi a ti, [Salmos 21:5]: ‘A vida que ele pediu a ti, tu deste a ele’” (Talmude babilônico Sukkah 52a)."
No Talmud Babilônico está registrado:
"O MESSIAS- Qual é o nome dele? ... Os rabinos disseram: Seu nome é o 'estudioso leproso', como está escrito: Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou nossas dores; e nós o reputávamos por um leproso, ferido de Deus, e oprimido." (Sanhedrin 98b)
Nos Mistérios do Rabi Shim'on ben Yohai (Midrash), encontramos:
"E Armilaus se unirá à batalha contra o Messias, o filho de Efraim, no portão Oriental...; e o Messias, o filho de Efraim, morrerá lá, e Israel pranteará por Ele. E depois, o Santo revelará a eles o Messias, o Filho de Davi, a quem Israel vai querer apedrejar,dizendo: Tu falas falsamente, o Messias já foi morto, e não há outro Messias que se levante (após Ele); e assim o desprezarão, como está escrito: "Desprezado e o mais rejeitado entre os homens"; mas ele voltará e se esconderá deles, de acordo com as palavras: "Como um de quem os homens escondem o rosto."
Nos séculos posteriores esta continuou sendo a interpretação judaica:
O rabino caraíta Yafet Ben Ali (segunda metade do século X):
"Quanto a mim, estou inclinado, juntamente com Benjamin de Nehawend, a considerá-lo como aludindo AO MESSIAS, e que se inicia com uma descrição de sua condição no exílio, desde o seu nascimento até sua ascenção ao trono: pois o profeta começa falando que Ele está sentado numa posição de grande honra e, então volta a relatar tudo o que Lhe acontecerá durante o cativeiro. Ele nos dá a entender, portanto, duas coisas: em primeiro lugar, que o Messias só irá atingir o seu mais alto grau de honra após longas e severas provações, e em segundo lugar, que estas provações lhe serão enviadas como uma espécie de sinal, de modo que, ao se encontrar sob o jugo de infortúnios e permanecer puro em suas ações, ele possa saber que é o desejado. [...] Com as palavras "Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades", querem dizer que as dores e enfermidades pelas quais ele passou eram merecidas por eles, mas que ele as suportou em seu lugar. Acho necessário aqui, pausar por alguns instantes, a fim de explicar porque Deus fez estas enfermidades recaírem sobre o Messias por amor a Israel. O povo merecia de Deus um castigo muito maior do que o que recebeu, mas não sendo suficientemente forte para suportar isso, Deus nomeia seu servo para levar os pecados deles, e ao fazer isso, torna o castigo deles mais leve, a fim de que Israel não fosse completamente exterminado. [...] E o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. O profeta, não quer com "avon" dizer iniqüidade, mas punição para iniqüidade, como na passagem, "Sabei que o vosso pecado vos há de achar" (Num. 32:23)."
O Rabino Moisés, 'O Pregador' (século 11) escreveu em seu comentário sobre o Gênesis (página 660):
"Desde o princípio, Deus fez uma aliança com O MESSIAS [ben Yossef] e disse-lhe: Meu justo Messias, aqueles que são confiados a você, o pecado deles te trará um jugo muito pesado pra você suportar. E ele respondeu: Eu aceito de bom grado todas essas agonias, a fim de que nenhum de Israel seja perdido. Imediatamente o Messias aceitou todas as agonias com amor, como está escrito: Ele foi oprimido e afligido."
Lekach Tov (séc.XI - Midrash), afirma:
"E que seu reino [de Israel] seja exaltado, nos dias do Messias, de quem se diz: Eis que meu servo prosperará, será exaltado e elevado, e será mui sublime."
Yalkut Schimeon (atribuído ao Rabbi Simeon Kara, no século XII) diz:
"Em Zc 4:7: O rei Messias é maior que os patriarcas, porque é dito, "Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime. (Isa. 52:13)."
Gersonides filósofo e talmudista judeu (1288-1344) em Deut. 18:18 diz:
"De fato, O MESSIAS é o tal profeta, como se afirma no Midrash do verso: "Veja! Meu Servo prosperará" (Is 52:13) (...) Moisés, pelos milagres que fez, trouxe uma única nação à adoração de Deus, mas o Messias vai chamar todos os povos à adoração de Deus."
Nachmanides (Rabino Moshe ben Nachman) do século XIII afirmou:
"Supõe-se que a visão correta com relação a esta parashá venha através da frase: "meu servo” que significa todo o Israel... Contudo, como opinião diferente, adota-se pelo Midrash, que isso se refere AO MESSIAS, é necessário que a expliquemos de conformidade com a nova opinião lá mantida. O profeta diz, o Messias, o Filho de Davi, sobre quem o texto fala, nunca será conquistado nem perecerá pelas mãos dos seus inimigos. E, de fato, o texto ensina isso claramente. [...] Pelas suas pisaduras fomos sarados – por causa das pisaduras pelas quais foi humilhado e angustiado Ele nos curará; Deus nos perdoará por Sua justiça, e seremos curados tanto de nossas próprias transgressões quanto das iniqüidades de nossos pais."
Rabi Moshê ben Nachaman também explica:
"A dor de Mashiach resultará em nos corrigirmos, pois, devido ao mérito dele, Deus nos perdoará e seremos curados de nossas transgressões."
Abravanel (1437-1508) fez uma declaração que é particularmente significativa, pois segundo sua visão pessoal não era a respeito do Messias que Isaías estava falando. Quanto a Isaías 52:13 até Isaías 53:12, ele declarou:
"A primeira questão é saber a quem ele [Isaías] se refere: Os instruídos entre os nazarenos o aplicam ao homem que foi crucificado em Jerusalém, no final do segundo Templo, e que, segundo eles, era o Filho de Deus que tomou carne no seio da virgem, como se afirma em seus escritos. Mas Yonathan ben Uziel interpreta no Targum como referente ao futuro Messias. Esta é também a opinião de nossos próprios homens instruídos na maioria de seus discursos rabínicos (midrashim)."
Abraham Farissol (1451-1526) diz:
"Neste capítulo parece haver umas semelhanças e umas alusões consideráveis ao ministério do Messias "cristão" e aos eventos que são aplicados para ter acontecido com ele [o Messias], de modo que nenhuma outra profecia deva ser encontrada ou aplicada tão bem e ao assunto de que pode assim imediatamente lhe ser conferido."
Alshich, um cabalista do século XVI, explica:
"O Messias aceita seu sofrimento de bom grado, com amor pelo povo judeu e toda a humanidade, e que quando finalmente o Messias se revelar nós nos daremos conta de que ele escolheu sofrer. Compreenderemos então quantos esforços ele investiu suportando o sofrimento da geração."
O Rabino Moses Alschech (1508-1600) diz:
"Eu posso observar então, que os nossos rabinos de abençoada memória, à uma só voz, aceitam e afirmam a opinião de que o profeta está falando do Rei Messias. E nós também devemos aderir ao mesmo ponto de vista."
Moshe Cohen, um rabino do século XV na Espanha, também discute Isaías 52-53. Ele refuta a interpretação de que a passagem é uma referência para o povo de Israel como um todo:
"Esta passagem, os comentaristas explicam, fala do cativeiro de Israel, embora o número singular seja utilizado por toda parte. Outros têm suposto que signifique o justo neste mundo atual, que agora são esmagados e oprimidos [...] mas estes também, pela mesma razão, alteram o número, retiram os versos de seu significado natural. E, então parece-me que tendo rejeitado o conhecimento dos nossos mestres, inclinaram-se "após a teimosia de seus próprios corações", e em minha própria opinião, eu tenho o prazer de interpretá-la de acordo com o ensinamento de nossos rabinos sobre o Rei Messias."
O Rabi Eliyahu de Vidas (séc. XVI) escreveu:
"Diz-se no Tanna Devei Eliyahu, que durante os treze anos em que R. Shimon ben Yohai esteve preso na caverna, as profundezas da sabedoria foram revelados a ele, e ele alcançou o conhecimento do futuro. Em particular, ele aprendeu que o homem que tenha cometido iniqüidades deve sofrer por elas, e que não é digno de entrar na luz celestial (que é o óleo de que Davi fala quando diz: Unges a minha cabeça com óleo. Sl 23:5) se primeiro não machucar-se e esmagar-se, como é dito: Misturada com óleo esmagado (Nm 28:5). E é o que está escrito: Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e esmagado pelas nossas iniqüidades, o significado disso é que uma vez que O MESSIAS carrega nossas iniqüidades, as quais produzem o efeito de seu machucado, segue-se que aquele que não admitir que o Messias sofra assim por nossas iniqüidades, deve suportá-las e sofrê-las ele mesmo." (Princípio da Sabedoria, por R. Eliyahu de Vidas (1575) encontrado no capítulo 53 de Isaías segundo intérpretes judeus, S.R. Driver, A.D. Neubauer (Oxford: Parker, 1877), pp. 385-386)
Herz Homberg, um educador judeu, que viveu entre (1789 e 1841) também refuta a idéia de que Isaías está se referindo a alguém além do Messias:
"De acordo com a opinião de Rashi e Ibn Ezra, isto se refere a Israel, no final de seu cativeiro. Mas se assim for, o que pode significar a passagem: Ele foi ferido pelas nossas transgressões. Quem foi ferido? Quem são os transgressores? Quem levou embora a doença e carregou a dor? O fato é que esta passagem se refere ao Messias, que virá nos últimos dias, quando será do agrado do Senhor redimir Israel de entre as diferentes nações da terra. O que quer que ele tenha sofrido foi em conseqüência da transgressão do próprio povo, Deus o escolheu para que ele fosse uma oferta pela culpa, como o bode expiatório que levou toda a iniquidade da casa de Israel." - Herz Homberg (18th-19th c.)
O Rabi Sh'lomoh Astruc (séc. XIV) escreveu:
"Meu servo prosperará, ou será verdadeiramente inteligente, porque através da inteligência o homem é realmente homem – é a inteligência que faz de um homem o que ele é. E o profeta chama o REI MESSIAS DE MEU SERVO, falando como se o houvesse enviado. Ou talvez chame todo o povo de meu servo, como diz acima “meu povo” (III.6): quando ele fala sobre o povo, o Rei Messias está incluído nele, e quando ele fala sobre o Rei Messias, o povo está em conjunto com ele. O que ele diz então é, que meu servo, o rei Messias, prosperará."
Isaías B. Abraham Horowitz, diz:
"E então, a casa de José, que pecou ao se separar do reino da casa de Davi será restaurada. Porque o Messias filho ben Yosef não virá em seu próprio benefício, mas ele virá para o bem de Messias ben David. Porque ele irá oferecer a sua vida e derramará a sua vida à morte (Is 53,12) e o seu sangue expiará pelo povo junto ao Senhor. Deste modo, acontecerá mais tarde que o reino da casa de Davi governará para sempre entre o povo de Israel. “(Isaías b. Abraham Horowitz, Sepher Shnei Luhot Ha-Berit, publicado pela primeira vez em Amsterdã, em 1649. A citação é da Quarta edição de 1724, p. 299B)
Naftali ben Asher Altschuler diz:
"A enfermidade que deveria ter caído sobre nós, foi carregada por ele. Isso significa que, quando o Messias ben Yosef morrer entre as portas, e for uma maravilha aos olhos da criação, por que a pena que ele tem que carregar deve ser tão severa? Qual é o seu pecado, e qual é a sua transgressão, exceto que ele vai suportar os castigos de Israel, de acordo com as palavras ferido de Deus?" (Is. 53:4) de Naftali ben Asher Altschuler (m. depois de 1607) Ayyalah Sheluhah (Cracóvia, 1593-1595) em Isa. 53:4.)
Moisés Alshekh diz:
"Eu vou fazer ainda uma terceira coisa, a qual é que eles devem olhar para mim (Zc 12,10), porque eles levantarão seus olhos para mim em arrependimento perfeito, quando virem aquele a quem transpassaram, isto é, o Messias ben Yosef. Porque os nossos rabinos, de abençoada memória, disseram que ele tomará sobre si a culpa de Israel, e deve, então, ser morto na guerra para fazer expiação, de tal maneira que seja considerado como se Israel lhe tivesse perfurado. Porque foi por causa dos pecados deles que ele morreu e por isso, a fim de que isto seja reconhecido para eles como uma expiação perfeita, assim eles vão se arrepender e olhar para o Bendito, dizendo que não há ninguém ao seu lado para perdoar os que choram por causa daquele que morreu pelos pecados deles. E este é o significado de “E olharão para mim..." Moisés Alshekh (1507-depois de 1593), em Marot ha-Zove’ot (Veneza 1603-1607) em Zc 12.10.)
Servo sofredor na tradição judaica
"[No momento da criação do Messias], o Santo, bendito seja Ele, vai dizer-lhe em detalhe o que vai acontecer a ele: Há almas [da geração contemporânea do Messias] que tem sido escondidas junto com você sob o meu trono; os pecados destas almas colocarão sobre você um jugo de ferro para você suportar e farão a você como a este bezerro cujos olhos se escurecem com o sofrimento. Eles vão te sufocar o espírito em um jugo, e por causa dos pecados delas a tua própria língua se apegará ao céu da boca (Sl 22,15). Você está disposto a suportar essas coisas? O Messias vai perguntar ao Santo, bendito seja Ele: Quanto tempo vai durar esses sofrimentos? E o Santo, bendito seja Ele, responderá: Por tua vida e por minha cabeça, eu tenho decretado um período de uma semana [sete anos] para você, mas se a tua alma está triste com a perspectiva de teu sofrimento, vou neste momento banir essas almas pecadoras. Porém o Messias lhe dirá: Senhor do Universo, com toda disposição de minha alma e alegria de meu coração eu tomarei sobre mim este sofrimento, sob a condição de que nenhuma única alma de Israel pereça, e que não somente aqueles que estão vivos sejam salvos em meus dias, mas também os que estão mortos, os que morreram desde os dias de Adão, o primeiro homem até o momento da redenção [ressurreição]; e não apenas estes, mas que em meus dias também sejam salvos os que morreram como abortos, assim como aqueles a quem tu pensaste para criar, mas que não foram criados. Tais são as minhas condições, e para estas coisas eu estou disposto a tomar sobre mim aquilo que tu decretaste. O Santo respondeu, eu irei fazê-lo, e imediatamente o Messias aceitou os castigos de amor, como está escrito: "Ele foi oprimido e aflito". [...]
"Durante o período da semana [sete anos] que antecede a vinda do filho de Davi, vigas de ferro serão trazidas e colocadas sobre o pescoço do Messias [Efraim] até que o seu corpo seja dobrado. Em seguida, ele vai gritar e chorar e a sua voz se levantará até a altura [do céu], e ele vai dizer na presença de Deus: Mestre do Universo, o quanto pode aguentar a minha força? O quanto pode aguentar o meu espírito? O quanto os meus membros podem sofrer? Não sou mais eu de carne e osso? Foi por causa dessa provação que Davi lamentou, dizendo: A minha força secou-se como um caco de barro. (Sl.22:16) Naquela hora o Santo, bendito seja, vai dizer-lhe: Efraim, Meu justo Messias, há muito tempo, desde os seis dias da criação, você aceitou tomar esta provação sobre si mesmo. Neste momento, a tua dor é como minha dor. Desde o dia em que o ímpio Nabucodonosor destruiu meu templo e queimou meu santuário, e exilou meus filhos entre as nações do mundo, pela tua vida e pela vida da minha cabeça, eu não tenho sido capaz de sentar-me no meu trono. E se você não acredita em mim, veja o orvalho da noite que cai sobre a minha cabeça, como se diz: minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Ao ouvir estas palavras, o Messias irá responder: Agora eu estou reconciliado. O servo se contenta em ser como o seu Mestre." [...]
"Ensina-se, aliás, que no mês de Nisan os patriarcas ressurgirão e dirão ao Messias: Efraim, o nosso verdadeiro Messias, apesar de sermos teus antepassados, você é maior do que nós, pois você suportou sofrimentos por causa das iniqüidades de nossos filhos e provações terríveis se abateram sobre você, e por meio destes sofrimentos as gerações anteriores e posteriores são expiadas. Você se tornou objeto de escárnio e de desprezo entre os povos da terra. Por amor de Israel, você se assentou em trevas e escuridão, seus olhos não viram a luz; sua pele se colou em seus ossos (cf. Salmos 22,17), e seu corpo ficou seco como madeira, seus olhos escureceram por causa do jejum e sua força se quebrou como um caco de barro (Salmos 22.15). Todas essas aflições te ocorreram por conta das iniqüidades de nossos filhos. Então ele irá responder aos patriarcas: Tudo o que eu fiz,o fiz apenas para o vosso bem e para o bem de vossos filhos, para vossa glória e para a glória de vossos filhos, para que eles se beneficiem da bondade que o Santo, Bendito seja Ele, irá derramar em abundância sobre Israel. Os Patriarcas lhe dirão: Efraim, o nosso verdadeiro Messias, estamos alegres com o que fizeste, pois tu realizaste o desígnio da mente do teu Criador e de nossas mentes também. Então, por isso ensinou o R. Simeon ben Pazzi: o Santo, bendito seja Ele, vai levantar o Messias até o céu dos céus, e vai encobri-lo em algo do esplendor de sua própria glória como uma protecção contra as nações da terra, particularmente contra os malvados persas.[...] Por que o versículo fala duas vezes da misericórdia: Terei misericórdia de quem tiver misericórdia? Uma misericórdia se refere ao momento em que ele será fechado na prisão, num momento em que as nações da terra rangerem os dentes contra ele, e piscarem os olhos um para o outro. E fazendo dele objeto de escárnio, balançam a cabeça para ele por desacato, abrindo os lábios para gargalhar, como se diz: Todos os que me vêem zombam de mim com desprezo, eles atiram os beiços e meneiam a cabeça:; (Sl 22, 8). A minha força secou-se como um caco de barro; e minha língua se me apega ao garganta; e tu me puseste no pó da morte" (Sal. 22:16). (Pesikta Rabbati, William G, Braude, Translator (New Haven: Yale University, 1968), Volume II, Piska 36,1-2; 37; pg 678-679 pg 680-681.)
Zohar - Palácio dos filhos da enfermidade:
"Quando eles contam ao Messias sobre o sofrimento de Israel no exílio, e sobre os ímpios entre eles, que não se preocupam em conhecer o seu Mestre, ele levanta sua voz e chora pelos ímpios entre eles, como está escrito: “Mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades (Isaías 53:5). As almas retornam aos seus lugares. No Jardim do Éden há um palácio chamado de Palácio dos filhos da enfermidade. O Messias entra nesse Palácio, e ordena que todas as doenças, dores e agonias de Israel venham sobre ele. E todas elas caem sobre ele. Se não fosse por ele, que alivia as dores de Israel e as toma sobre si próprio, ninguém teria sido capaz de suportar os castigos de Israel pelas transgressões da Torah. Este é o significado de “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si." (Zohar, Parashá Vayiakhel 335-336)
No Midrash Siphre, encontramos o seguinte:
"O Rabino José Galileu disse: Vem aprender os méritos do Rei Messias e a recompensa dos justos. Desde que o primeiro homem [Adão] recebeu o mandamento, uma única proibição e transgrediu - considere quantas mortes foram infligidas sobre si mesmo, em sua própria geração e sobre aquelas [gerações] que as seguiram, até o fim de todas as gerações. Qual atributo é maior: o atributo da bondade ou o atributo da vingança? Ele respondeu: O atributo da bondade é o maior, e o atributo da vingança é menor. Quanto maior, então, será o Rei Messias, que resiste aflições e dores (como está escrito: "Ele foi ferido e humilhado") para justificar os transgressores de todas as gerações! E isso é o que se entende quando se ler: "Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós". (Isa.53:6).
Em Pesiqta (sobre Isa.61:10) está escrito:
"Grandes opressões foram colocadas sobre você, como se diz: Pela opressão e pelo juízo foi levado e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? (Isa.53: 8), como se diz: mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós".'(Isa.53: 6).
No Machzor (livro de rezas das grandes festas) no Musaf de Yom Kippur existe uma oração escrita pelo Rabino Eliezer ben Kleir no século IX que fala do sofrimento e do retorno do Messias. Veja:
"Nosso Messias, o justo, apartou-se de nós: o horror nos apreendeu e não temos ninguém para nos justificar. Ele carregou sobre si as nossas iniqüidades e o jugo de nossas transgressões, e ele foi traspassado por causa das nossas transgressões. Suportou nossos pecados em cima de seus ombros para que nós pudéssemos encontrar o perdão para nossas iniqüidades. E nós seremos curados por suas feridas, no momento em que o Eterno o recriar como uma nova criatura. Oh! Elevai-o do círculo da terra. Erguei-o de Seir, para ajuntar-nos uma segunda vez sobre o Monte Líbano, pela mão de Yinnon."
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